Legado Verde: a origem

Por Roberto Carneiro

A origem: sempre fui um apaixonado pela natureza. Paixão que começou com a criação de borboletas e mariposas na infância. Para acompanhar a metamorfose de perto, colhia as lagartas e suas respectivas plantas-alimento nas ruas, nos parques e nos vizinhos. Daí veio o olhar atento aos pequenos seres e sua fonte de alimento. Os anos passaram, os insetos ficaram de lado, mas as plantas não.

Foi no curso de paisagismo que constatei que muitas das plantas que colhia na infância não eram nativas. Estima-se que 90% das espécies encontradas no comércio e no paisagismo são exóticas. Mas por que um índice tão alto e desde quando?

Tudo começou, comercialmente, com a vinda do príncipe-regente português para o Brasil no início do século XIX. Dom João fundou no Rio de Janeiro, o Jardim de Aclimatação, atual Jardim Botânico, para as plantas e especiarias que trouxe da terra natal e as que viriam de outros continentes. Uma de suas preferidas era a monumental palmeira-imperial, originária das Antilhas. Há relatos que ele dava mudas exclusivas de presente para as propriedades que visitava na Estrada Real. Desde então, tudo o que vinha de fora, tornava-se mais atrativo e conferia status de poder. E continua assim até hoje. Quer um exemplo? As cobiçadas oliveiras centenárias, originárias do Mediterrâneo, que possuem um caríssimo valor no mercado.

Segundo o programa Reflora, no território brasileiro existem quase 50 mil espécies conhecidas de vegetais. Só de angiospermas são quase 36 mil. Então por que não mudar a cultura e começar valorizar o que temos aqui? A mudança começou no início dos anos 1930 com o olhar do artista plástico e paisagista Roberto Burle Marx. Ele revolucionou o paisagismo com seus desenhos modernistas e seus jardins tropicais concebidos com espécies nativas. Muitas destas, produzidas em seu sítio, tinham as matrizes colhidas em expedições e excursões que ele fez pelos biomas brasileiros. Mesmo assim, encontrar uma espécie nativa para utilização no paisagismo nos dias atuais não é tarefa fácil.

E por que utilizar plantas nativas no paisagismo? Há alguns fatores importantes como, por exemplo, a biodiversidade. Utilizar plantas nativas contribui com o ecossistema local. A fauna depende da flora para ter sucesso em seu desenvolvimento e sobrevivência. Por outro lado, a flora se beneficia da fauna para perpetuar suas espécies, seja na polinização das flores, seja na disseminação das sementes. Outro exemplo é a sustentabilidade. Na Amazônia, a extração e o cultivo de espécies nativas garantem o trabalho e o sustento de povoados inteiros.

O Legado Verde surge daí. Da necessidade, da informação, do incentivo e da transformação.

Faço aqui um convite especial a você.
Junte-se ao Legado Verde na construção e na preservação do amanhã.
O planeta agradece – e eu também!

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Por Roberto Carneiro

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