Exposição virtual: Spix e Martius

Por Legado Verde

Sob a curadoria do professor e ilustrador botânico Paulo Ormindo, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e da Escola Nacional de Botânica Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (ENBT/JBRJ), a exposição digital Spix e Martius, Uma viagem pelo Brasil, 1817 – 1820, traz em detalhes o que foi a expedição de dois estrangeiros naturalistas em terras virgens.

Johann Baptiste von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius chegam ao Rio de Janeiro, em 14 de julho de 1817, na fragata Áustria, como parte da comitiva austro-bávara. Após exatos 2 anos e 11 meses de expedição, partem de Belém à Europa com suas coleções e quatro indígenas (!!).

Carl Friedrich Phillip von Martius, 1794–1868
Johann Baptist Ritter von Spix, 1781–1826
Wikimedia Commons

Percorrer mais de 10 mil quilômetros por terra e rios, do Rio de Janeiro até o coração da Amazônia, quando não se dispunha de estradas de ferro no país, e automóveis e lanchas nem tinham sido inventados. Mais ainda, fazer esse percurso coletando milhares de exemplares de plantas, animais e artefatos e registrando, em textos e ilustrações produzidas a mão, as paisagens, a flora, a fauna e os povos encontrados. Essa foi a grande aventura dos naturalistas Spix e Martius.

Dividida em oito salas, a exposição traz vídeos – em formato de breves documentários – e imagens de raras ilustrações de mais de cem espécies de plantas e animais, de mais de 30 paisagens dos biomas brasileiros e de quatro tribos indígenas. As 59 espécies de plantas ilustradas e as fotografias de mais de 50 exsicatas (amostras de plantas secas) coletadas por Martius no Brasil, além das ilustrações de 48 espécies de animais, são apresentadas de forma detalhada.

Registros realistas das paisagens integram o livro Flora brasiliensis, 1840 – 1906 – Vol. I, Parte I, Pranchas 1 e 9.

Destacam-se na mostra as espécies descobertas pelos naturalistas, bem como espécies emblemáticas dos biomas percorridos por eles e algumas hoje ameaçadas de extinção. Todas são apresentadas com seus nomes populares, nomes científicos da época e nomes científicos atualizados segundo a Flora do Brasil e o Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil. Também são fornecidas informações atuais sobre sua distribuição geográfica e a avaliação do risco de extinção, seguindo o Livro Vermelho da Flora do Brasil, o Livro Vermelho da Fauna do Brasil e a lista global de espécies avaliadas da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN).

A exposição explora temas como Botânica, Zoologia, Ecologia, Geografia, História, Antropologia e Linguística, entre outras. E você pode baixar o conteúdo de cada sala, em PDF, para ler com calma e ter um material rico em informações e imagens.

Ilustrações, detalhados registros visuais, mostram como as imagens eram captadas na época. Ao lado, fotografias de 8 exsicatas com amostras colhidas na expedição.

A mostra faz parte das comemorações dos 20 anos de criação da Escola Nacional de Botânica Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (ENBT/JBRJ) e está disponível para o público desde 30 de dezembro de 2021.

É só clicar no link www.expodigitalspixemartius.com.br para retornar ao início do século XIX e ver o Brasil com os olhos de quem valorizou, registrou e documentou o que temos – ou pior, o que tínhamos – de mais exuberante em nosso país. Disponível também nos idiomas espanhol e inglês.

A realização é da Associação de Amigos do Jardim Botânico (AAJB), com direção de arte e design da artista Mary Paz e patrocínio da Bahia Holding. As pesquisas e textos são de autoria de Alda Heizer, Maria da Penha F. Ferreira, Patrícia da Rosa, Rafaela Campostrini Forzza e Rosana Simões Medeiros (JBRJ), José Augusto Pádua (UFRJ), Marco Antonio Palomares Accado Filho (Herbário/Fiocruz), Lorelai Kury e Kaori Kodama (COC/Fiocruz), Paulo Ormindo (UFRRJ e ENBT/JBRJ) e Renato de Mello-Silva (USP) (in memorian).

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